Análise técnica: como a Mercedes recuperou terreno e venceu em Singapura
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Fonte da imagem: PlanetF1.comAnálise técnica: como a Mercedes recuperou terreno e venceu em Singapura
Mesmo com a McLaren já campeã entre as equipes, a Mercedes mostrou em Singapura que ainda tem fôlego técnico para vencer.
A vitória de George Russell no circuito de Marina Bay coroou um trabalho de paciência e precisão: a soma de pequenas atualizações aerodinâmicas e escolhas estruturais que, juntas, devolveram competitividade ao W16.
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Progresso passo a passo
Enquanto Red Bull e McLaren estabilizaram seus pacotes técnicos para o fim da temporada, a Mercedes optou por seguir evoluindo em microescala.
Nos últimos três GPs, a equipe de Brackley introduziu novas versões da asa dianteira, cada uma ajustando o equilíbrio entre carga aerodinâmica e arrasto.
Em Singapura, a mais recente dessas versões trouxe um perfil reprojetado para reduzir a carga aerodinâmica em faixas específicas de downforce, otimizando o comportamento do carro em curvas médias e lentas — um ponto crítico no circuito urbano.
“Essas mudanças são refinamentos, não revoluções. Cada detalhe ajuda o carro a responder melhor às variações de pista e ao balanço entre asa traseira e beam wing”, explicou um engenheiro da equipe.
Comparando a solução usada em Singapura com a aplicada em Budapeste, nota-se uma alteração visível no formato do flap superior.
O novo design suaviza a curvatura (camber) e reduz a dependência do Gurney flap — peça antes usada para compensar perda de carga.

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Adaptação às novas regras de flexibilidade
Outro fator técnico importante foi o ajuste à fiscalização mais rigorosa sobre a flexão da asa dianteira, introduzida após o GP da Espanha.
Com testes mais exigentes de carga e deflexão, muitas equipes perderam eficiência aerodinâmica.
A Mercedes, porém, encontrou um caminho para recuperar parte dessa performance, respeitando os limites impostos pela FIA.
Imagens onboard sugerem que a equipe conseguiu reativar o comportamento elástico controlado da asa, mantendo estabilidade nas frenagens e nas curvas de alta.
Esse tipo de engenharia refinada exige precisão milimétrica: pequenas variações estruturais podem mudar completamente o fluxo de ar sob o carro, afetando diretamente o desempenho do assoalho e do difusor — pilares do atual regulamento de ground effect.
Um passo atrás para avançar
A virada da Mercedes em Singapura também teve um componente estratégico: a reversão do sistema de suspensão traseira para a configuração usada no início da temporada.
A equipe havia testado uma nova geometria a partir de Imola, mas decidiu retornar ao arranjo original no GP da Hungria, após constatar problemas de equilíbrio com o novo pacote.
Essa escolha, embora parecesse um retrocesso, se mostrou fundamental.
O sistema anterior se ajusta melhor às características de circuito de rua e ajuda a controlar o movimento vertical do carro — uma limitação típica dos modelos com efeito solo.
“Recuamos para entender o que realmente funcionava no conceito inicial. O resultado foi um carro mais previsível e equilibrado, especialmente em pistas como Singapura”, explicou uma fonte da equipe.
Resultado de uma engenharia de detalhe
A vitória de Russell não foi fruto de um salto de performance isolado, mas da soma de pequenos ganhos acumulados desde o meio da temporada.
Esses ajustes sutis — na asa dianteira, na rigidez estrutural e na suspensão — permitiram à Mercedes reconstruir a harmonia aerodinâmica do W16.
Em um ano dominado por McLaren e Red Bull, o triunfo em Singapura mostra que a equipe ainda domina a arte de evoluir dentro das limitações do regulamento.
Mais do que uma vitória, o resultado foi um lembrete: a Mercedes segue sendo uma das forças mais sofisticadas em engenharia da Fórmula 1 moderna.
Fonte: PlanetF1.com


